Desde o começo a banda já tinha
como meta seguir profissionalmente com sons autorais?
Não. Na verdade, todos sabem o
quanto é difícil fazer música em nosso país. Uma prova disso é a quantidade de
pessoas que apoia a NYMPHO pela página do facebook – a grande maioria é de lá
de fora. Isso sempre foi assim, desde a época em que eu fazia parte da banda
paulista Bastardz. Em qualquer show, sempre tive que misturar músicas próprias
com covers, o que nunca me agradou muito. Mas é assim que as coisas funcionam
por aqui, não tem jeito. Com a NYMPHO você dificilmente verá um cover, digamos,
de uma banda glam. Estamos tentando acabar com esse rótulo, pois somos mais do
que quatro caras que querem parecer bem nas fotos. Nossos novos covers vão
desde Bon Jovi e Kiss ao Metallica, não pretendemos incluir covers que possam
nos rotular como uma banda glam, embora não seja segredo para ninguém que a
imagem é fundamental em minha opinião. Quem ouviu o nosso novo álbum, “Alone In
The Dark” já pôde comprovar isso. Há uma variedade de estilos, músicas rock
& roll, músicas AOR, músicas mais pesadas e uma balada. Esse é o futuro da
NYMPHO, variar dentro de nosso estilo, que chamo simplesmente de rock &
roll. Será bem mais fácil fazer os set lists dos shows que estão por vir, pois
estamos variando bastante nos estilos das músicas próprias e covers do set.
Como foram as gravações dos
CDs?
O primeiro CD foi ótimo de gravar,
rápido e sem quaisquer problemas. Conseguimos logo de cara uns três selos para
lança-lo nos Estados Unidos. Mas hoje, olhando para trás, mesmo sendo um bom CD
emminha opinião, ele não tinha tantas grandes músicas. A distribuição não foi
lá grandes coisas também, já que o dono do selo, na época, estava mais
preocupado em divulgar um fanzine que ele tinha do que as bandas de seu próprio
selo. Não só a NYMPHO, mas a leva de bandas que lançaram os seus CDs na mesma
época pela Perris Records foram bem prejudicadas por causa disso. Já o novo
CD... Um verdadeiro pesadelo! Desde o primeiro dia, houve muita tensão no
estúdio – problemas entre o dono do estúdio e o guitarrista que tocava com a
gente na época, depois meio que fomos passados para trás pelo cara do estúdio,
e o guitarrista que estava na banda pulou fora. Acabamos sem estúdio e sem um
guitarrista solo, e já com um álbum praticamente pronto, só faltando as
guitarras solo e a mixagem. Demorou até acharmos alguém que encaixasse na
banda, tanto musical como pessoalmente, e fomos abençoados quando Eric Provout
se uniu à nós. Olavo Barroka (baixo), Pablo Pinheiro (Bateria) e eu já estamos
juntos desde 2006, e isso era algo vital para nós. Daí finalizamos o “Alone In
The Dark” e conseguimos lança-lo na Europa, depois de muitos, muitos problemas.
Considerando o orçamento que tínhamos para fazer o disco, modestamente eu o
acho um dos melhores álbuns que uma banda brasileira deste estilo já lançou. Eu
queria fazer uma super produção, fazer arranjos que nunca tinha feito em nenhum
de meus projetos anteriores. E foi bem difícil colocar isso em prática, mas nós
da NYMPHO e pelo que sei, todos que ouviram o CD gostaram bastante do
resultado. Antes do lançamento dele,
consegui o endorsement da In Tune, empresa americana que fabrica palhetas para
grandes bandas como o Kiss, Alice Cooper e Twisted Sister. Voltei a pouco tempo
da Inglaterra e saiu a crítica do CD na revista Fireworks de lá, e foi bem
positiva. Disseram que o único ponto fraco do álbum é a balada “Dreams Are Not
Enough”, uma de minhas músicas favoritas dele, pois era uma cópia de “Every
Rose Has Its Thorn”, do Poison. É realmente difícil fazer uma balada e a mesma
não soar como algo escrito pelo Bret Michaels! Quem me conhece bem sabe que
minhas grandes influências são o próprio Poison, Kiss, Mötley Crüe,
Whitesnake... Mas como disse, foi bom ter variado bastante nesse novo álbum.
Com ele pudemos mostrar que temos um diferencial, não somos apenas mais uma
banda de hard rock.
Como tem sido a repercussão dos
mesmos?
Tem sido boa para uma banda
brasileira. As pessoas têm falado razoavelmente com frequência sobre o novo CD,
e muitas delas lá de fora estão comprando também o primeiro álbum. Algumas
delas têm também o meu CD solo, que saiu quase que ao mesmo tempo que o
primeiro da NYMPHO. Isso é realmente gratificante. É inacreditável que algumas
estações de rádio da internet, e mesmo algumas de rádio de verdade toque nossas
novas músicas entre músicas novas de grandes bandas como o Tyketto, Trixter e
Dee Snider, por exemplo. Aqui no Brasil, no entanto, as coisas não mudam muito,
principalmente por causa da competição imbecil que há entre as bandas do estilo
e pela desvalorização dos artistas brasileiros. Isso não acontece no heavy
metal, e é uma postura que realmente admiro entre essas bandas. Fizemos apenas
dois shows para divulgar o novo álbum, mas logo faremos mais. A ideia é
continuar tocando em todos os lugares que possamos ir. Agora basta ter alguém
disposto a investir, pois é realmente injusto tocar de graça. É como geralmente
funciona por aqui, isso quando a banda não tem que pagar para tocar. Estamos juntos
há seis anos, e essa nossa fase já passou. Estamos dispostos a tocar em
qualquer lugar, mas sendo respeitados como artistas. Isso é o que realmente
leva muitas bandas a desistir de continuarem, muitas vezes, um bom trabalho – a
falta de apoio que nós, músicos aqui do Brasil, temos em nosso próprio país.
//Sanctus
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